Tradução por: Beatriz Antunes e Larissa Henriques
Equipe Daniel Radcliffe Brasil
Daniel Radcliffe: Você tem uma família de sucesso.
Helena Bonham Carter: Você acha?
Daniel: Bom, você é descendente de um Primeiro Ministro,
vários políticos e um diretor muito influente. Seu avô materno foi um diplomata
espanhol e ganhou o prêmio Righteous Among the Nations alguns anos atrás, o que
é maravilhoso. E sua mãe é uma psicoterapeuta.
Helena: Uau, você sabe mais que eu!
Daniel: Mas como essa intelectualidade te ajudou a se
lançar? Porque você começou bem jovem.
Helena: Não tem nada a ver com de onde eu vim, já que mamãe
e papai nunca colocaram pressão em nenhum de nós. Não havia nenhuma
expectativa, o que era ótimo. Mas eu era muito crítica, e graças a Deus eu
parei lentamente de ser assim com o passar do tempo.
Daniel: Você conseguiu? Isso vai ser lento?
Helena: Ah sim. Não se preocupe. Isso melhora quando você
ficar mais velho.
Daniel: Oh, graças a Deus.
Helena: Eu acho que isso te desgasta fisicamente, mas
mentalmente é muito mais fácil.
Daniel: Eu sinto um grande complexo de inferioridade quando
piso numa sala com atores porque eu nunca treinei, e você também não.
Helena: Oh, eu tinha um grande complexo de inferioridade até
ontem.
Daniel: Mas não hoje!
Helena: Todos tem complexo de inferioridade quando eles
entram numa sala. Mas quando você tem filhos e fica mais velho, não importa
mais. Quando eu era mais nova eu tinha tantos problemas com inferioridade. Eu
tinha um porque não fui para a universidade, tinha um porque não fui treinada.
Mas isso fica cansativo e você se enjoa disso.
Daniel: Certo. E esse enjoo e o que te leva a mandar tudo se
f*der.
Helena: ”Que se f*da” é a minha filosofia de vida.
Daniel: Eu acho que as pessoas veem sua carreira como duas
metades, uma na qual você era ingenua. E há essa percepção de que após conhecer
o Tim Burton, você se transformou em estranha. Mas eu sei que você sempre foi
estranha.
Helena: Eu sempre fui esquisita. Só que você não pode
esperar que as pessoas te entendam desde o início. E eu acho que isso realmente
mexeu com a minha cabeça, sendo muito conhecida desde jovem, quando você ainda
não tem certeza de quem é. Isso é como eu era ridícula: Eu lia perfis escritos
sobre mim e me perguntava se aquela era realmente quem eu era. Você não pode
deixar nas mãos de uma pessoa que você acabou de conhecer sua auto definição.
Daniel: Tipo de personagem é uma ”palavra” estranha
(Typecast, em inglês, é Tipo de personagem, portanto, é uma palavra). Os
personagens não são os mesmos sempre. É muito fácil dizer que uma pessoa tem um
tipo de personagem.
Helena: Todos esses dramas fixados em você. Mas o que era
muito interessante sobre esses personagens era que eles eram de grandes livros.
Eles me ofereceram muito mais caracterizações súbitas. Eu lembro que meu agente
disse: ”Você não pode fazer Angels Fear To Tread e Howard’s End” e eu disse
”Porque não? Me mostre um roteiro melhor”
Daniel: Seu personagem em Harry Potter, Bellatrix Lestrange,
é um dos personagens mais assustadores. Mas eu acho justo dizer que ela é muito
”atuável” e muito sexy também.
Helena: Quando eles me mandaram o roteiro, eu pensei ”O que
eu vou fazer?”. Porque, nas páginas, ela não estava totalmente lá, e você tem
que se fazer notar. E as crianças tinham medo de Bellatrix. Então eu pensei,
ok, tenho que ser realmente assustadora. Mas, é claro, que com crianças você
tem que ser engraçada quando travessa.
Daniel: Você acha que você ”pega” muita inspiração das
crianças? Porque eu sim. Elas são muito honestas em como agem e como são no
mundo.
Helena: Ah sim. Eles são. E eu também acho que tem muito de
”Peter Pan”em mim. Eu nunca realmente quis crescer. Eu cresci muito jovem. Me
mudei quando tinha 13 anos, que foi quando comecei a atuar. Papai estava muito
mal, praticamente paralizado, então havia parte de mim que sentiu que eu devia
me tornar responsável.
Daniel: Você pensou que tinha que fornecer algo. Ou ajudar,
pelo menos.
Helena: Sim. Eu estava tentando compensar pelo o que
aconteceu com ele. Não estava nem consciente disto. Achei que se eu fizesse
algo, iria fazer as coisas melhorarem de algum jeito.
Daniel: Que você provavelmente fez de um certo jeito.
Helena: De um certo jeito, eu fiz.
Daniel: Você tem tido uma vida maravilhosa, e o que qualquer
pai/mãe quer além de se sentir extremamente orgulhosos dos seus filhos? Ah, e
falando disto, meus parabéns. Você venceu o BAFTA ano passado pelo ”The King’s
Speech”.
Helena: Obrigada.
Daniel: Isto é muito empolgante, e você estava aterrorizada
antes daquele filme. Você estava em ”Potter” e
filmando este outro ao mesmo tempo. Estava fazendo uma tarefa dupla.
Helena: Eu estava fazendo uma tarefa dupla. Eu nunca disse
”sim” para aquele filme, na verdade. Eu recusei o papel muitas vezes. Tom
Hooper é persistente, então, se ele quer alguma coisa, ele consegue. Você acaba
dizendo, ”Oh, droga! Ok, eu faço!”
Daniel: Verdade? Apenas por persistência?
Helena: É mais fácil, e também estava filmando na estrada.
Mas, você sabe, meu filho Billy iria perguntar: “Você tem que ser a bruxa ou a
rainha amanhã?” Eu pensei: Bom, isso é bem minha vida.
Daniel: Você tem que ser uma bruxa ou a rainha amanhã, uma
decisão a tomar. Quando eu coloquei o gravador para baixo em sua mesa, peguei
uma pilha, e o título do livro que estava debaixo daquela pilha foi revelado: O
que é uma menina pobre? Prostituição em meados do século XIX América.
Helena: [em sotaque sulista] Se tudo isso falhar, esta é
minha situação reserva.
Confira o restante da entrevista em Inglês, clicando aqui.
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