CRÍTICA: The Bling Ring – A Gangue de Hollywood


O site brasileiro de cinema "CineMarcado" divulgou a primeira crítica nacional do novo filme de Emma Watson, que estreia no dia 2 de agosto nos cinemas nacionais. Confira a Crítica abaixo:

CRÍTICA: The Bling Ring – A Gangue de Hollywood
por  Enock Carvalho. - Cinemarcado.

Os Suspeitos Usavam Louboutins: era este o título do artigo publicado na revista americana Vanity Fair que The Bling Ring – A Gangue de Hollywood a intrigante história dos jovens que furtavam casas de celebridades nos arredores de Hollywood. A vida de glamour e holofotes pareceu colaborar com Sofia, deixando fluir por um roteiro bem amarrado todos os passos dados pelos delinquentes.

Em The Bling Ring, Sofia Coppola opta por não somente mostrar como de fato aconteceu o caso que ganhou a mídia em 2010, mas se revela intimista ao dedicar alguns minutos a vida pessoal de cada um dos cinco membros da gangue referida pelo subtítulo brasileiro. Os personagens de Sofia, inspirados por pessoas reais, ganham personalidades fortes e bem definidas, provavelmente pela escolha do bom elenco que tem Emma Watson, Katie Chang, Taissa Farmiga, Claire Julien e Israel Broussard.

O trabalho e desafio maior certamente foi o roteiro escrito por Sofia e Nancy Jo Sales, a jornalista da Vanity Fair. É com sabedoria que Sofia se empenha em traçar os sentimentos por trás de cada um dos jovens ladrões, perpassando o receio, o medo, a excitação e a felicidade mais verdadeira pela conquista a cada furto bem sucedido.

A apresentação de cada membro da gangue é bastante reveladora sobre eles. E a mais duradoura é a do único membro homem do grupo, e provavelmente o mais inocente deles, Marc (Broussard). O personagem serve de gancho para o roteiro ganhar velocidade à partir da sua chegada a um novo colégio para estudar o ensino médio e ali encontrar refúgio com Rebecca (Chang), com quem terá coragem de fazer os primeiros furtos. É inclusive nesse refúgio emocional que Sofia brinca com a câmera, como faz em um momento majestoso onde Marc caminha ao lado da amiga e seus pensamentos sobre ela começam a brotar, e de repente a câmera objetiva transforma-se em subjetiva, e Rebecca está olhando para a câmera, rindo, enquanto caminha, e o espectador transforma-se em Marc e vice-versa. A emoção do personagem vaza pela imagem.

A própria abertura do filme antecipa emoções no espectador de ansiedade e temor, quando uma câmera noturna de segurança de uma das casas permanece estática enquanto os cinco jovens cautelosamente pulam o muro. Silêncio por toda a cena. É mais um momento que o filme brinca, induzindo a pensar que eles serão pegos a qualquer momento.

E várias outras vezes Sofia provoca esse sentimento. Fica evidente, na maior parte das cenas, que a diretora tenta transparecer a inocência dos ladrões que, apesar da coragem para pular muros, destrancar portas e abrir cofres, não têm noção do perigo que correm a todo instante. Essa constatação é feita de maneira discreta, quando em certa cena dois membros do grupo invadem uma mansão cujas paredes são de vidro e a câmera apenas observa de longe eles entrarem e saírem.
Assim como em 2010 o caso veio à tona, o filme é recortado e dividido entre cenas que buscam contar os roubos com uma linearidade e cenas de um falso-documentário, onde Annie Fitzgerald interpreta uma repórter da Vanity Fair entrevistando cada um dos cinco. É como se o próprio filme tentasse lembrar durante diversos instantes de que se baseia em fatos reais.

É já em sua terceira parte que The Bling Ring  perde o ritmo estabelecido por roubos e festas. A musicalidade se ausenta, as cores saem de cena e o filme se arrasta para contar que fim levou cada um dos jovens. Ainda antes de terminar, o filme preocupa-se em mostrar mais do que o espectador se interessaria sobre os personagens, se estendendo além do necessário.


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